30 de jun. de 2011

Passeando pelo Mercado Municipal Paulistano

O Mercado Municipal Paulistano é um dos mais tradicionais pontos gourmet da cidade. Projetado pelo escritório do Arquiteto Francisco Ramos de Azevedo em 1926, o Mercadão foi inaugurado em 25 de janeiro de 1933. (Fonte: Site do Mercado Municipal Paulistano)


Na entrada do estacionamento do Mercadão, o qual é pago, perguntamos onde estavam dispostas as vagas reservadas e, seguindo as informações, logo as encontramos, já que as mesmas estavam devidamente sinalizadas e localizadas ao lado da entrada principal.

Apesar de não estar bem ilustrado nesta foto, existe um rebaixamento bem no centro da entrada, porém sem sinalização tátil. A sinalização visual, além de inadequada, está desgastada.


A vaga reservada é em 90º e sua sinalização horizontal conta com espaço adicional de circulação na lateral (faixas brancas ao lado da vaga, apesar de a NBR9050 especificar que estas faixas devem ser em amarelo).

Em relação à sinalização vertical, a placa atende as especificações de estacionamento fora de via pública, e conta ainda com informações adicionais (uso obrigatório de cartão comprovando que o veículo é autorizado, permitindo o uso da vaga reservada). Teoricamente, esta informação é repetitiva, pois a própria placa já tem esta informação, mas como sabemos que  a falta de respeito em relação ao uso de vagas reservadas para VEÍCULOS AUTORIZADOS ainda é falha, entendemos o reforço do uso de cartão. 


Presença de balcão de informação logo na entrada, porém o mesmo não permite aproximação frontal de um cadeirante, já que não possui área livre inferior. Além de a altura ser excessiva, comparem com o Scooter elétrico ao lado. Será que um cadeirante alcançaria os folhetos que estão em cima do balcão? A sinalização visual do balcão está com bom contraste de cores e a letra permite boa visualização.

Na área ao redor existem degraus, rebaixamentos e escada rolante, porém todas sem sinalização tátil e visual. 


A maioria das bancas do Mercadão, para serem acessadas, é necessário passar por degraus, porém não existe rebaixamento. Notem que a senhora no centro da foto está passando pela aba lateral do rebaixamento que dá acesso ao corredor lateral e não às bancas, e neste espaço não há possibilidade de entrar com uma cadeira de rodas ou andador, por exemplo.


Não há possibilidade de o cadeirante utilizar este espaço das bancas, já que não há um local acessível para passar pelo degrau, além de ser uma área estreita.

A falta de acessibilidade nestes setores dificulta muito a escolha dos produtos, onde o cadeirante faz suas escolhas de “longe”. Além disso, este degrau não possui nenhum tipo de sinalização, arriscando a segurança dos que por ali transitam.



Não circulamos por todos os corredores do Mercadão, mas os que visitamos permitem uma livre circulação, sem barreiras e ou obstáculos. O revestimento da superfície do piso das áreas pelas quais percorremos são regulares, antiderrapantes e firmes, porém as sinalizações táteis e visuais para alertar desníveis e obstáculos são falhas ou inexistentes. 


Como foi dito anteriormente, existe um rebaixamento na entrada do Mercadão, porém o mesmo não possui sinalização tátil e visual adequadas, assim como o meio fio da calçada. Notem na foto que não há contraste de cores, dificultando a delimitação visual de onde começa e termina os desníveis. E sem a sinalização tátil, ocorrerá falta de delimitação e identificação destes desníveis para deficientes visuais.


Concluindo

A edificação do Mercadão Municipal de São Paulo é muito antiga. Logo, para torná-la acessível, devem ser realizados alguns ajustes.  Entretanto, se compararmos com muitos ambientes construídos recentemente, o Mercadão tem uma acessibilidade até que razoável.

Mesmo nossa análise sendo superficial, pois estávamos a passeio, acreditamos que com algumas reformas, melhor sinalização e pessoas treinadas para atender a diversidade dos consumidores existentes, este local irá se tornar mais acessível e agradável a TODOS os visitantes (idosos, turistas, cegos, anões, cadeirantes e outras pessoas com dificuldade de locomoção).


Maria Alice Furrer

Fotos: 11/04/2011

28 de jun. de 2011

Bate-papo com Danilo Lopes, lesado medular

Danilo dos Santos Lopes tem 27 anos e é estudante de Engenharia Ambiental, porém sua matrícula está trancada desde 2006. Nasceu em Campinas-SP, onde mora até hoje com seus pais.



Acessibilidade na Prática: Qual foi o motivo que o tornou cadeirante?
Resposta: No dia 21 de abril de 2006, eu, juntamente com dois amigos, sofremos um acidente automobilístico na cidade de Pedreira-SP enquanto voltávamos de uma festa, o qual me causou uma tetraplegia. O motorista do carro em que estávamos dormiu ao volante, assim como eu dormia no banco de trás e o outro amigo dormia no banco do passageiro dianteiro. A colisão provocou um efeito chicote em meu pescoço, ocasionando uma fratura na vértebra C5 e uma lesão em minha medula espinhal.

Acessibilidade na Prática: A quais tratamentos você já se submeteu para buscar sua reabilitação? Pretende buscar mais algum?
Resposta: Depois dos cinco meses em que fiquei internado após o acidente, passei por duas vezes no programa de reabilitação do hospital Sarah Kubitschek, em Brasília. Depois, passei por um programa de reabilitação no DMR (Divisão de Medicina de Reabilitação) da USP, em São Paulo. Hoje, faço fisioterapia em um centro de recuperação de lesão medular duas vezes por semana, chamado Acreditando, em São Paulo; fortalecimento muscular em uma academia de musculação em Campinas; eletro-estimulação duas vezes por semana na UNICAMP em Campinas e um trabalho de equoterapia uma vez na semana, também em Campinas. Pretendo, assim que comprovada maior eficácia e segurança, me submeter à aplicação de células tronco.

Acessibilidade na Prática: Quais as maiores dificuldades que você e sua família enfrentaram desde seu acidente até hoje?
Resposta: No início, nossa maior dificuldade foi em saber como lidar com uma pessoa com lesão medular, porque no hospital em que fiquei internado não nos deram informação alguma a esse respeito. Só fomos aprender direito os cuidados a serem tomados com um lesado medular no Hospital Sarah. Com o acidente, ficamos muito amedrontados com as dificuldades em que iríamos enfrentar, mas a nossa fé em Deus nos tem ajudado a manter o equilíbrio e a esperança de uma recuperação próxima. Hoje, nossa maior dificuldade são os altos valores dos medicamentos, equipamentos e tratamentos que essa condição exige.

Acessibilidade na Prática: Atualmente, quais são as suas maiores dificuldades?
Resposta: Minhas maiores dificuldades hoje estão ligadas a mobilidade e relacionamentos, porque devido ao fato de eu ser tetraplégico e ainda não conseguir movimentar as mãos, dependo muito de outra pessoa para me ajudar a movimentar a cadeira e, com isso, prejudica também meu relacionamento normal com qualquer outra pessoa.

Acessibilidade na Prática: Já que sua vida mudou completamente, o que você tem feito para se distrair? Você tem tido algum tipo de lazer?
Resposta: Devido à grande fé e esperança que tenho na minha recuperação, minha vida esta focada no meu tratamento de recuperação da lesão. A internet é uma grande companheira nos momentos em que não estou em tratamento. Aos finais de semana, costumo encontrar amigos e familiares.

Acessibilidade na Prática: Antes do seu acidente, você parava para analisar a questão da acessibilidade das pessoas com deficiência? Quais os maiores problemas de falta de acessibilidade que você tem enfrentado?
Resposta: Não muito porque só analisamos verdadeiramente o problema quando se está sentindo na pele as dificuldades. Devido ao fato de eu estar bastante voltado ao meu tratamento, costumo ir a lugares acessíveis a cadeirantes.  Em Campinas, existe um programa da prefeitura chamado PAI Serviços (Programa de Acessibilidade Inclusiva), que oferece transporte para os cadeirantes da cidade. Mas devido ao número de cadeirantes estar aumentando a cada dia, fica mais difícil conseguir o transporte em determinadas ocasiões.

Acessibilidade na Prática: Deixe uma mensagem para os seguidores do blog.
Resposta: Para os seguidores deste blog que, assim como eu, tem a esperança de que essa situação de estar em uma cadeira de rodas devido a uma tragédia seja apenas uma etapa da vida, continuem firmes e confiantes em Deus e na medicina, pois estamos acompanhando os avanços diários nas pesquisas e as células tronco já estão aí!

Para saber um pouco mais sobre a minha história, acessem meu blog!


Por Frederico Rios

26 de jun. de 2011

Flagrante - Raphael Carvalho

Seguidor: Raphael Carvalho
Twitter: @RaphaelSnery


Local e descrição:

Esta foto foi tirada no dia 04/06/2011 por volta das 16:00h, na frente do Big Beef, localizado no cruzamento das Ruas Chaad Scaff e Joaquim Murtinho, em Campo Grande, MS. O estabelecimento ao lado (direito) é o Chalé Burger.

No estabelecimento Big Beef há piso tátil na calçada e área permeável como obriga a legislação, porém o piso tátil atravessa por todas as vagas de estacionamento, obrigando o deficiente visual a desviar dos carros estacionados.

Observem também a calçada do Chalé Burger (lado direito da foto), tomada de mesas e sem piso tátil.




23 de jun. de 2011

Flagrante - Roberto Ajala (II)

Seguidor: Roberto Ajala
E-mail: robertoajala@gmail.com
Data da foto: 16/06/2011 (à tarde)

Descrição: A loja Santa Rita Decor, localizada na Av. Mato Grosso, em Campo Grande - MS, possui um funcionário exclusivo para cuidar suas 6 vagas de estacionamento. O funcionário foi conivente com esta infração, permitindo que este carro estacionasse para carregar espuma e papelão. Além disso, o motorista estacionou torto, dificultando, inclusive, a entrada de pedestres.


22 de jun. de 2011

Bate-papo com Dra Tânia Cunha, deficiente visual

No Decreto nº 11.090, de 14 de Janeiro de 2010, o Prefeito Municipal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Nelson Trad Filho, regulamenta o Art. 19 do Capítulo II da Lei nº 2909, de 28 de Julho de 1992, estabelecendo especificações para as calçadas do Município de Campo Grande- MS.

Neste Decreto, entre outros pontos, destacamos o Art. 2º, que afirma que as calçadas deverão ser executadas em concreto simples, sarrafeados, de maneira continua, revestida de material antiderrapante, com PISO TÁTIL, sem degraus ou obstáculos que prejudiquem a circulação de pessoas.

A Prefeitura iniciou um trabalho de fiscalização principalmente na área central de Campo Grande, notificando estabelecimentos que ainda não possuem piso tátil nas calçadas. Esta fiscalização faz parte do Programa Municipal de Acessibilidade Arquitetônica em Edificações e Logradouros Públicosque visa instalar a acessibilidade em locais públicos do município.

Para entendermos melhor o porquê da colocação de piso tátil e adequação de calçadas, conversamos com a deficiente visual Tânia Regina Noronha Cunha, Advogada e Servidora Pública aposentada do TRE/MS.



Acessibilidade na Prática: A acessibilidade possibilita que pessoas em geral possam utilizar algum elemento do espaço, podendo  ir e vir  livremente e com segurança. Sabendo que o piso tátil é uma medida acessível, nos explique qual sua importância em calçadas de via pública.
Resposta: A acessibilidade pressupõe o direito de todos de locomover-se com autonomia e segurança no espaço urbano. O piso tátil é a ferramenta necessária para que as pessoas com deficiência visual tenham acesso a seus direitos humanos fundamentais como a educação, a saúde, à locomoção, ao trabalho, ao lazer, a práticas esportivas e culturais, enfim, ao direito de usufruir a cidade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Acessibilidade na Prática: Na prática, como o Deficiente Visual faz o uso do piso tátil?
Resposta: As pessoas com deficiência visual utilizam o piso tátil direcional como guia para sua caminhada, visto que se constitui numa trilha colocada nas calçadas, por conseguinte esta trilha deve estar livre de barreiras urbanísticas. Por outro lado, também o piso tátil de alerta tem como finalidade alertá-las de perigo e obstáculos, como mobiliário urbano, escadas, lixeiras, orelhões,  toldos, marquises, quiosques  e outros.

Acessibilidade na Prática: Na sua opinião, o que falta para a implantação da plena acessibilidade em Campo Grande?
Resposta: É preciso que a sociedade e o Poder Público assumam conjuntamente a responsabilidade de eliminar as barreiras ambientais e atitudinais, a fim de tornar a cidade acessível a todos os cidadãos, independentemente de suas limitações físicas, sensoriais ou intelectuais, como garantia do exercício dos demais direitos.

Acessibilidade na Prática: Em relação à conscientização da população quanto a acessibilidade, quais seriam as principais medidas a serem adotadas, utilizando como exemplo a implantação de pisos táteis?
Resposta: É importante a realização de campanhas informativas e orientativas, consultas públicas e oficinas de sensibilização da sociedade, no sentido de aproveitar a discussão da colocação do piso tátil para promover realmente a acessibilidade nas calçadas campo-grandenses. E não somente isto, é necessário instalação de semáforos sonoros, adequação da inclinação de rampas com acesso às faixas de pedestres, demarcação das ruas e prédios públicos, pontos de ônibus com identificação em Braile,  sinalização visual, tátil e sonora, transporte e prédios públicos acessíveis, ou quaisquer outros de natureza análoga.

Por isto, é importante a discussão e a reflexão social a respeito da cidade e qual o modelo de cidade que desejamos. Tenho certeza que todos os cidadãos campo-grandenses almejam uma cidade plenamente acessível nos moldes do desenho universal.


Por Maria Alice Furrer e Frederico Rios

Data: 20/06/2011

21 de jun. de 2011

Obra não sinalizada - Banco Santander

Esta é a calçada de uma das agências do Banco Santander, localizado na Rua Ceará 2061, em Campo Grade, MS. A calçada estava em obras, mas não havia nem sinalização nem desvio adequados para deixar a via acessível e segura para todos os pedestres.


Além de prejudicar a passagem de pedestres, esta obra interferia na entrada da vaga reservada (canto direito da foto).


Devido este trecho da calçada estar muito irregular e instável, a maioria dos pedestres utilizava a rua para poder desviar-se (observem um pedestre no canto esquerdo superior da foto).


Vale ressaltar que esta via possui um fluxo grande veículos, aumentando ainda mais o risco de acidentes para as pessoas que precisam utilizar este trecho.


Havia, ainda, água acumulada neste trajeto, aumentando o risco de escorregões, podendo ocasionar quedas.

Independente dos motivos das obras (instalação do piso tátil, por exemplo), elas devem ser sinalizadas adequadamente. Estar construindo ou adequando uma edificação não isenta o estabelecimento de garantir o direito de ir e vir com segurança de TODOS os pedestres.


Maria Alice Furrer

Fotos: 18/06/2011

20 de jun. de 2011

Flagrantes - Larissa Santos

Seguidora: Larissa Santos
Cidade: João Pessoa – PB / Natal - RN
Contato: Twitter: @larissansns

Local da foto: Estacionamento de uma loja de eletrodomésticos na Av. Engenheiro Roberto Freire, Natal - RN
Data: 19/05/2011
Descrição: Em Natal, a “supermoda” é colocar piso tátil nas calçadas. Infelizmente, o fazem como querem e a fiscalização deixa a desejar, terminando definido pelos deficientes visuais da cidade como “piso exterminador de cegos”. O estacionamento desta loja foi todo revestido com uma “lajota tátil de alerta”, a vaga reservada está sinalizada horizontalmente e verticalmente (por uma placa atrás dos refrigeradores), a faixa de travessia é uma faixa amarela que leva até uma rampa que, por sua vez, não dá acesso à loja, pois está impedida por aparelhos de som.  Não existe faixa livre para o pedestre nesta calçada.




Local das fotos: Shopping Manaíra, João Pessoa - PB
Data: 25/05/2011
Descrição: Quando eu achava que já tinha visto de tudo, entro para ver um dos banheiros do Segundo Maior Shopping do Nordeste!!! A famosa porta de vidro sem os puxadores, nem vertical associado à maçaneta e tampouco o interno horizontal, só existe o trinco que não é manuseado facilmente por todos. Não há informação tátil, mas porta está corretamente sinalizada com símbolo internacional de acessibilidade, mas quando a gente abre não entende o motivo. A norma admite barras laterais quando não há como instalar na parede, como neste caso em que a barra ficaria distante da bacia, mas estas barras não podem interferir na área de giro e transferência do cadeirante. Esta barra não identificada impede totalmente a transferência lateral, sem malabarismos, e a transferência perpendicular ou frontal é impossível por não haver espaço. A papeleira está mal localizada, o estado de conservação do banheiro está ruim, mostrando que foi feita uma adaptação de qualquer jeito sem se preocupar, também, com a estética. Na bancada do lavatório existe uma cuba rebaixada, mas não existe nenhuma barra instalada e a torneira não está fácil de ser acionada. Quando eu estava tirando as fotos da porta, uma mulher (sem deficiência) simplesmente entrou e usou o banheiro, não entendo essa preferência.







Local das fotos: Shopping Sul, João Pessoa - PB
Data: 29/05/2011
Descrição: Assim que entrei achei que nem tivesse banheiro acessível, mas depois percebi que a primeira porta era a maior, logo associei. Mas, por não existir nem sinalização tátil nem visual, como uma pessoa com deficiência visual saberá que aquele banheiro é acessível? A única coisa certa aí é que a porta abre pra fora. O resto todo está errado: falta de puxadores, altura das barras, formato de uma das barras (em “V”?), localização da papeleira (em cima da barra em “V”?), altura da bacia, ausência de ducha e falta de área de transferência e manobra.


16 de jun. de 2011

Flagrante - Roberto Ajala

Seguidor: Roberto Ajala
E-mail: robertoajala@gmail.com

Descrição: Registrei esta foto na tarde do dia 14/06/2011, na rua Dr. Arthur Jorge 1060, em frente a uma agência dos Correios, em Campo Grande, MS. Além de estacionar o carro por mais de 30 minutos em uma vaga para deficiente físico, o funcionário da empresa ainda parou praticamente em cima do piso tátil para deficientes visuais, que dá acesso ao prédio.




15 de jun. de 2011

Acessibilidade nos hotéis - um caso em Natal, RN


Quem já procurou, sabe como é difícil encontrar um hotel acessível e que atenda a todas as suas outras exigências (internet, café da manhã, vista para o mar, etc.). Normalmente, priorizamos a acessibilidade já que, “pelo menos”, ela permite a sua hospedagem. Como qualquer outro estabelecimento, o hotel acessível (e nem preciso dizer que me refiro a 100% acessível) ainda é caso raro. Mas, pelo progresso do empreendimento em atender à NBR 9050 e por toda estrutura realmente existente no local, venho mostrar os bons exemplos de acessibilidade encontrados em um hotel da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. Peço licença para desprender um pouco da norma, só pra mostrar que boas práticas e conscientização fazem uma grande diferença na vida de quem precisa delas.


Logo na entrada, percebemos que a pintura das vagas reservadas foi recentemente reforçada com o símbolo de acessibilidade (notem que a cadeira de rodas ganhou aerofólio) e a sinalização vertical está fora da norma, mas observa-se que eles utilizam uma faixa adicional para cada vaga; essas não são as únicas vagas reservadas, existem duas próximas a cada entrada do hotel, totalizando 8. O piso é nivelado até o hall do hotel, não necessitando de guia rebaixada. Lembrando que as faixas da travessia não estão em cores contrastantes.




Nas escadarias internas, notamos que a boa intenção existiu desde a fundação do prédio (em 2005), mas ainda apresenta erros. A imagem mostra a situação atual e a proposta: afastar o piso tátil do início da escada; substituir as faixas de sinalização visual pretas por amarelas, aumentando o contraste para pessoas idosas e com visão subnormal.



Todos os corrimãos das escadas possuem indicação do andar em Braille, faltando apenas o anel com textura contrastante com a superfície do corrimão, que deve ser instalado 1,00 m antes das extremidades (recomendação).



Os sanitários das áreas comuns sempre são compostos de um masculino, um feminino e outro unissex adaptado, satisfazendo as pessoas com deficiência que precisam entrar acompanhadas. Este da foto, um banheiro próximo às piscinas, é o único que não possui unissex, mas sanitários masculinos e femininos acessíveis. A sinalização é contrastante e todas as entradas dos sanitários também possuem indicação em Braille.



As rampas respeitam a boa inclinação, com exceção da rampa na foto que é quase o escorrega de um parque com emoção. O hotel deve colocar agora corrimãos em todas as rampas e degraus da área de lazer que, apesar de serem curtas ou com pouca inclinação, está sendo exigido pelo Ministério Público.



Todas as indicações de orientação e sinalização do hotel possuem a placa respectiva em Braille, o que me encantou. Os batentes dos elevadores possuem placa em Braille. Existem 14 elevadores no hotel e os sociais possuem aviso sonoro de indicação do andar. Esse hotel tem uma das diárias mais caras da cidade, ou seja, os hóspedes são dos mais exigentes. Quase não se pode ouvir o som no elevador porque os hóspedes que "não precisam" do recurso reclamaram do incômodo e o hotel baixou o volume. Os elevadores possuem ainda o piso tátil de alerta antes da porta, devidamente instalados, porém não é de material adequado e nem cromo-diferenciado com o piso.



O hotel possui 12 quartos adaptados. Os banheiros estão passando por reformas, então, por enquanto a papeleira e outros elementos estão fora da faixa de alcance (de 0,80m a 1,20m de altura). A área de banho atende à norma, sem barreira, com área de transferência, assento para banho e piso antiderrapante. As barras de apoio estão posicionadas corretamente.



Estas são as placas com indicação em Braille espalhadas pelos corredores, elevadores e entradas das circulações internas. A placa de alumínio recebe um encaixe de acrílico com o Braille gravado. Encontramos algumas placas sem a parte em Braille, pois, pela falta de gestão e orientação, os funcionários acabam jogando fora quando, porventura, essa parte desencaixa. Uma simples fita adesiva pode segurar esse encaixe, evitando que caia.



Os dormitórios possuem piso antiderrapante, bancada rebaixada e área para circulação. O acesso à varanda é feito através de uma rampa removível que, assim como as barras de apoio de alguns banheiros adaptáveis, são colocadas apenas quando irão receber um hóspede com deficiência. Este tipo de batente para a varanda poderia ser evitado na elaboração inicial do projeto. O dormitório não possui diretório dos serviços do hotel em Braille.



Por fim, uma das vistas do hotel, uma parte da área de lazer: a praia de Ponta Negra, Natal - RN. Sim, temos acesso às piscinas através do equipamento que transfere a cadeira de rodas (do hotel) para dentro da água e as rampas vencem todos os desníveis na área de lazer.



Enfim, apesar do avanço, o hotel ainda tem muito trabalho pela frente (que já está sendo executado). Os funcionários também precisam ser treinados para receber o hóspede com deficiência, a gestão precisa fazer reuniões tratando da manutenção da acessibilidade e TODAS as pessoas devem ter AUTONOMIA para circular em todos os ambientes, afinal, todos nós pagamos para desfrutar dos mesmos serviços. A adequação dos hotéis em termos de acessibilidade, total ou assistida, disponibilizando, também, tecnologias assistivas facilita a acessibilidade das pessoas com deficiência, proporcionando qualidade na sua estada e diminuindo os riscos de acidentes.


Larissa Santos - Designer de Interiores

Twitter: @larissansns

12 de jun. de 2011

Sanitário feminino da Cachaçaria Água Doce


Este é o sanitário feminino da "Água Doce Cachaçaria, Comidas e Bebidas Típicas do Brasil", situada na Rua José Antônio 194, em Campo Grande - MS. 



Apesar de não estar ilustrado na foto, o sanitário feminino não está sinalizado adequadamente, ou seja, não possui o símbolo internacional de sanitário. A entrada é estreita e  não há área de giro para uma cadeira de rodas.

Este é o primeiro boxe do sanitário e não há nenhuma adaptação estabelecida pela NBR9050.



O lavatório existente permite a aproximação frontal de uma cadeirante. Porém, quando a porta do segundo boxe está aberta, não há espaço à frente do lavatório para que este seja ocupado em sua totalidade.


Este é o segundo e último boxe do sanitário, possuindo uma área mais estreita do que o primeiro, dificultando o acesso, por exemplo, de uma mulher com estatura mais elevada (tenho 1,72m e tive dificuldades para utilizar este boxe).


Além de o espaço ser inadequado, a maçaneta da porta não é do tipo alavanca e exige destreza nas mãos para utilizá-la.

Este exemplo demonstra que, além de não existir um sanitário acessível para atender as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, o existente também não atende às necessidades dos diferentes biotipos (pessoas altas e baixas, por exemplo) dos clientes do local.


Maria Alice Furrer

Fotos: 20/05/2011

9 de jun. de 2011

Ponto de ônibus - Av. Fernando Corrêa da Costa


Este ponto de ônibus fica na Avenida Fernando Corrêa da Costa, esquina com a Rua 13 de Maio, no centro de Campo Grande - MS. Estas vias possuem intenso tráfego de veículos e ônibus, além de existir uma escola nesta quadra, ou seja, em determinados horários, há um grande fluxo de pedestres e veículos neste local.



Como vários outros na cidade, este ponto de ônibus não possui composição de sinalização tátil de alerta e direcional, a qual garante a segurança e a orientação dos deficientes visuais. A sinalização tátil de alerta deveria ser instalada ao longo do meio fio, e o piso tátil direcional demarcando o local de embarque e desembarque, como ilustra a figura abaixo:

Exemplo de sinalização tátil em pontos de ônibus – vista superior.
Fonte: NBR9050/2004



Além da ausência de sinalização tátil em cor contrastante com a do revestimento da calçada, observem que o ponto está interferindo na faixa livre de pedestres. O estreitamento da faixa é potencializado pela vegetação (planta no canto direito da foto), que está projetada em direção à faixa livre, diminuindo ainda mais a área de circulação destinada aos pedestres.


Maria Alice Furrer

Fotos: 30/04/2011

7 de jun. de 2011

Acessibilidade no McDonald's de Campo Grande - Av. Afonso Pena


McDonald's é uma empresa responsável por uma rede internacional de lanchonetes, cuja atividade é conhecida como fast food, sendo a 2ª maior rede do mundo na área citada, perdendo apenas para a rede de fast food Subway. A expressão também se refere à marca desta empresa, a qual a transcende e revela-se inserida na cultura de massas contemporânea. A rede foi fundada em abril de 1955, em Illinois, nos Estados Unidos. Atualmente ela vende cerca de 190 hambúrgueres por segundo no mundo, sendo que uma nova loja é inaugurada a cada dez horas.

Entre 1955 e 1993, as suas 14 mil lojas venderam 80 bilhões de sanduíches. Juntamente com marcas como Coca-Cola, o McDonald's é considerado um dos mais disseminados símbolos do capitalismo internacional. Seu produto mais famoso é o sanduíche conhecido como Big Mac. (Wikipédia, acessado em 07/06/2011)

Em Campo Grande - MS, o McDonald's conta com duas lojas: uma no Shopping Campo Grande (Av. Afonso Pena 4909) e outra  mais no Centro da cidade, na Av. Afonso Pena 1620.

O Acessibilidade na Prática avaliou as condições de acesso na lanchonete do Centro. Confira!


Estacionamento - vaga reservada

- Presença de vaga para estacionamento de veículos que conduzam ou sejam conduzidos por pessoas com deficiência;

- Não há sinalização horizontal (Símbolo Internacional de Acessibilidade pintado no chão);

- Existe o espaço adicional de circulação (faixas brancas ao lado da vaga), porém, além de estar incorretamente sinalizado (as faixas deveriam ser amarelas), este espaço está sendo ocupado por motos. Estas motos dificultam a entrada e saída do deficiente, o que poderia ser evitado, pois há um segurança no estacionamento; //

- A sinalização vertical está presente, porém está incorreta. Além de a placa com o Símbolo Internacional de Acessibilidade ter baixo contraste, está entre os arbustos, dificultando sua identificação. Este estacionamento deveria possuir uma placa indicando vaga reservada fora da via pública. /


- O piso do estacionamento é regular, firme e antiderrapante;

- Nosso veículo estava devidamente sinalizado, com o símbolo internacional de acessibilidade e portando a documentação adequada. Mesmo assim, o segurança nos abordou questionando se o carro era de um deficiente físico. Mas será que houve fiscalização para os motoristas das motos, que estavam ocupando o espaço adicional da vaga reservada?; /

- Novamente, as motos estacionadas na área da vaga reservada dificultaram a saída do cadeirante. Antes de estacionar, foi necessário desembarcar o cadeirante na área de circulação dos veículos, obstruindo o fluxo;

- A vaga está vinculada à rota que leva até a entrada “acessível”, porém não está localizada de forma a evitar a circulação entre veículos. /


Entrada acessível

- Ausência de sinalização informativa, indicativa e direcional para a localização da entrada “acessível”;

- A rota entre a vaga reservada e a entrada do estabelecimento é um espaço amplo e não possui guia de balizamento sem interrupção (para o deficiente visual guiar-se, tateando com a bengala) ou piso tátil direcional;

- Entre a vaga e a entrada existe um canteiro, porém o mesmo tem um rebaixamento, não sendo necessário contorná-lo;

- Neste rebaixamento não há sinalização tátil nem visual, além de o mesmo não estar junto à faixa de travessia de pedestres (logo a frente existe fluxo de veículos devido à presença do drive thru);

- Logo a frente do rebaixamento, o piso está com rachaduras, causando trepidação na cadeira de rodas.


- À esquerda da foto, existe a circulação de veículos por conta do drive thru, e à direita também há fluxo de veículos, pois esta é a via de entrada do estacionamento. Não existe nenhuma sinalização tátil indicando a entrada e saída de veículos do local;

- Presença de uma faixa de travessia de pedestres, apenas para a passagem da via de circulação dos veículos do drive thru. /


- O rebaixamento da calçada ao lado da entrada não está alinhado com o rebaixamento do canteiro, além de estar fora da faixa de travessia;

- Não há sinalização tátil indicando a presença de rebaixamento de calçada à frente da entrada acessível.


- Como a faixa de travessia não está junto ao rebaixamento, o cadeirante tem que desviar para poder ter acesso à entrada; 

- Esta é a única entrada acessível do estabelecimento, e não possui sinalização visual nem tátil (identificamos esta entrada porque o segurança nos informou);

- O revestimento da superfície, em sua maior parte, é firme, regular e conta com faixas antiderrapantes, porém em alguns trechos existem rachaduras. /


- O espaço junto à porta para a transposição de cadeirantes é inadequado, tanto para a aproximação frontal quanto para a lateral. A foto ilustra a situação onde a porta de entrada, que tem abertura externa e está localizada ao lado de um canteiro, torna estreita a área de giro para um cadeirante, além de dificultar a manobra para a abertura da porta;

- Ausência de sinalização tátil (em Braille ou texto em relevo), que deveria ser instalada nos batentes ou vedo adjacente (parede, divisória ou painel), no lado onde estiver a maçaneta;

- Porta com vão livre adequado, permitindo o acesso de cadeirantes, por exemplo;

- Não há condições de abrir a porta com apenas um movimento, e a sua maçaneta não é do tipo alavanca, dificultando ou até impossibilitando a sua abertura por indivíduos que não possuam destreza e força em braços e mãos;

- Quando localizadas em rotas acessíveis, a NBR9050 recomenda que as portas tenham na sua parte inferior, inclusive no batente, revestimento resistente a impactos provocados por bengalas, muletas e cadeiras de rodas.


- Área de giro estreitada pela presença do canteiro (canto inferior esquerdo da foto) e pela abertura externa da porta. Neste caso, o cadeirante não conseguiu abrir a porta, pois a maçaneta não é do tipo alavanca e a área para manobrar a cadeira é pequena, necessitando da ajuda de outra pessoa para abrir. E se o cadeirante não estivesse acompanhado? Como entraria no estabelecimento?

- A instalação de um puxador horizontal, instalado junto a uma maçaneta do tipo alavanca, facilitaria a abertura da porta;

- Se a calçada do estabelecimento fosse estendida, garantindo, por exemplo, uma área de 1,50m de largura (contando com a porta) para a aproximação lateral do cadeirante, tornaria a entrada acessível. Veja o exemplo de aproximação lateral e frontal na figura abaixo:







- Visão interna da porta da entrada acessível. Novamente, não há sinalização informativa visual e tátil;

- Esta porta possui acionamento controlado por uma mola, instalada na região superior. Este sistema não mantém a porta aberta para a passagem, ou seja, quando passamos pela porta, temos que segurá-la para que a mesma não feche de volta, dificultando a passagem de um indivíduo com um andador, por exemplo;

- Não havendo maçaneta ou puxador horizontal para a abertura da porta, um cadeirante, por exemplo, tem de empurrar a porta com a parte da frente da cadeira de rodas. Isso também se deve ao fato de não haver espaço suficiente para a aproximação lateral, lembrando que não há proteção na parte inferior da porta.


Balcão

- Ausência de balcão acessível para cadeirantes;

- Revestimento do piso interno do estabelecimento é firme, regular e antiderrapante;

- A superfície do balcão tem altura adequada, porém um cadeirante não consegue utilizar o balcão, pois não é garantida a aproximação frontal.


- Nesta foto fica bem ilustrado que não é prevista a aproximação frontal, pois o balcão não possui altura livre inferior de no mínimo 0,73 m do piso e profundidade livre inferior de no mínimo 0,30 m. Desta forma, um cadeirante não pode avançar sob o balcão;

- A organização das filas de pagamento e recebimento dos lanches é auxiliada por fitas pretas suspensas por barras, dificultando a manobra de uma cadeira de rodas. Uma solução viável seria delimitar as filas com fitas posicionadas no chão, com textura diferente da utilizada no piso e cor contrastante com a do piso (para serem identificadas também por pessoas com baixa visão). /


Mesa

- Não há assentos adequados para pessoas obesas neste local;

- No centro direito da foto (abaixo de um banner vermelho) existe um balcão pequeno que serve de apoio para as pessoas pegarem os condimentos (ketchup e mostarda). Além de o balcão ter altura elevada, não permite a aproximação frontal de um cadeirante;

- Esta foto ilustra a área interna da lanchonete. Ao lado do balcão de condimentos, há uma porta que dá acesso ao ambiente externo. Esta porta tem as mesmas características  da entrada acessível, ou seja, sistema de abertura de molas, onde o cadeirante tem que empurrar a porta com as pernas para realizar a abertura;

- Não há degrau na passagem do ambiente interno para o externo (mesas do lado de fora).


- A maioria das mesas deste estabelecimento segue este padrão. A aproximação frontal é permitida, mas para se obter esta aproximação, os pés do cadeirante ficam encostados na base da mesa. Se a mesa fosse realmente adaptada, isso não ocorreria; /

- Não é em todo o espaço que o cadeirante tem a possibilidade de manobrar a cadeira de rodas livremente, principalmente por entre as mesas onde o espaço é estreito;

- Como esta mesa é redonda, o cadeirante tem uma mínima área de para o uso da superfície da mesa.


Sanitário acessível

- Presença de sanitário acessível próximo aos demais sanitários (feminino e masculino);

- Sanitário acessível familiar ou unissex, que permite a utilização por um cadeirante com acompanhante de sexo diferente;

- Símbolo Internacional de Acessibilidade utilizado inadequadamente, já que sua representação consiste em pictograma branco sobre fundo azul e opcionalmente pode ser representado em branco e preto (pictograma branco sobre fundo preto ou pictograma preto sobre fundo branco). Nenhuma modificação, estilização ou adição deve ser feita a este símbolo;

- Para os sanitários acessíveis, deve ser acrescido, para cada situação, o símbolo internacional de acesso. As figuras abaixo ilustram a sinalização do Sanitário unissex e familiar acessível, que podem ser enquadrados no banheiro disponível neste estabelecimento:

Sanitário Masculino e feminino acessível


Sanitário familiar acessível


- Ausência de sinalização tátil (em Braille ou texto em relevo), devendo ser instalada nos batentes ou vedo adjacente (parede, divisória ou painel), no lado onde estiver a maçaneta, a uma altura entre 0,90 m e 1,10 m. Esta sinalização identifica para os deficientes visuais que esta porta dá acesso ao sanitário acessível;

- O estabelecimento não possui, porém é recomendado que as portas tenham na sua parte inferior, inclusive no batente, revestimento resistente a impactos provocados por bengalas, muletas e cadeiras de rodas, até a altura de 0,40 m a partir do piso.  

- Ausência de sinalização tátil de alerta em cor contrastante com a do piso, indicando a presença dos dois extintores na parede lateral do corredor que dá acesso aos sanitários. Esta sinalização é necessária porque os extintores são considerados obstáculos suspensos, pois tem o volume maior na parte superior do que na base, não podendo ser tateados pela bengala de um deficiente visual, por exemplo, podendo causar uma colisão;

- Porta com vão livre satisfatório, permitindo a entrada de um cadeirante;

- O corredor torna-se estreito com a abertura das portas dos sanitários, que têm abertura externa (imaginem se as três portas forem abertas simultaneamente).


- O sanitário não tem espaço suficiente para que qualquer manobra com a cadeira de rodas seja efetuada;

- A superfície do piso é regular firme e antiderrapante;

- Mesmo com a presença de barras de apoio, não há como efetuar nenhuma transferência para a bacia sanitária, já que não há espaço adequado no sanitário (o único movimento que a área do banheiro permite é a entrada do cadeirante e, para sair, o mesmo tem de efetuar isso de ré). Com isso, este banheiro não permite que cadeirantes o utilizem.


- Presença de barras de apoio junto à bacia sanitária na lateral e no fundo (não foram efetuadas mensurações para observar se a altura de instalação está correta);

- O cesto de lixo (canto direito da foto) está bem localizado. Se houvesse área suficiente para a transferência para a bacia sanitária, a lixeira não atrapalharia; /

- Apesar de estar bem localizado, a lixeira é de pedal, não sendo acessível (Como um cadeirante irá pisar no pedal? Ou como um obeso irá alcançar o pedal neste espaço tão estreito?);

- Presença de papeleira não embutida, com localização inadequada. O correto seria acima da barra de apoio lateral, entre um 1,00m a 1,20 do piso acabado.  


- O lavatório é inadequado, pois não é suspenso. O sifão e a tubulação devem ser protegidos, porém não é permitida a instalação de colunas que vão até o chão, o que não possibilita a aproximação frontal de um cadeirante; 

- Não há barras de apoio instaladas junto ao lavatório;

- A torneira possui acionamento por alavanca;

- Presença de espelho vertical e inclinado, porém não foi mensurada sua altura.  Mas sendo um espelho oval, sua borda inferior é diminuída, dificultando a visualização por pessoas de baixa estatura; /

- Presença de papeleira e saboneteiras em localizações adequadas;

- O espaço do banheiro já é pequeno, não permitindo o acesso para todos, e o cesto de lixo ao lado do lavatório ocupa muito espaço, dificultando ainda mais a circulação interna (até para tirar as fotos dentro do banheiro foi difícil devido a área ser pequena);

- Ausência de cabide junto ao lavatório.


 - Esta foto ilustra claramente  que, quando a porta do banheiro “acessível” está aberta, não há como realizar a abertura do banheiro feminino, por exemplo;

- Maçaneta da porta não é do tipo alavanca, além de internamente haver um trinco não acessível;

- O sanitário feminino também não possui sinalização adequada, já que não tem a representação correta com o símbolo internacional de sanitário, além de a placa ser de difícil visualização (fonte das letras pequenas).


Concluindo

Muitos detalhes observados nesta avaliação servem para ilustrar que nem tudo que é moderno ou criativo torna o ambiente acessível a todas as pessoas. Maçanetas modernas, portas com molas e símbolos "personalizados" de acessibilidade, por exemplo, muitas vezes acabam dificultando a vida das pessoas com deficiência. Assim, cabe aos empresários, juntamente com os profissionais da área da construção civil, discutirem as melhores soluções para cada espaço, harmonizando funcionalidade com uma boa aparência.


Maria Alice Furrer e Frederico Rios

Colaboração: Diego Rios

Fotos: 25/05/2011