7 de jun. de 2011

Acessibilidade no McDonald's de Campo Grande - Av. Afonso Pena


McDonald's é uma empresa responsável por uma rede internacional de lanchonetes, cuja atividade é conhecida como fast food, sendo a 2ª maior rede do mundo na área citada, perdendo apenas para a rede de fast food Subway. A expressão também se refere à marca desta empresa, a qual a transcende e revela-se inserida na cultura de massas contemporânea. A rede foi fundada em abril de 1955, em Illinois, nos Estados Unidos. Atualmente ela vende cerca de 190 hambúrgueres por segundo no mundo, sendo que uma nova loja é inaugurada a cada dez horas.

Entre 1955 e 1993, as suas 14 mil lojas venderam 80 bilhões de sanduíches. Juntamente com marcas como Coca-Cola, o McDonald's é considerado um dos mais disseminados símbolos do capitalismo internacional. Seu produto mais famoso é o sanduíche conhecido como Big Mac. (Wikipédia, acessado em 07/06/2011)

Em Campo Grande - MS, o McDonald's conta com duas lojas: uma no Shopping Campo Grande (Av. Afonso Pena 4909) e outra  mais no Centro da cidade, na Av. Afonso Pena 1620.

O Acessibilidade na Prática avaliou as condições de acesso na lanchonete do Centro. Confira!


Estacionamento - vaga reservada

- Presença de vaga para estacionamento de veículos que conduzam ou sejam conduzidos por pessoas com deficiência;

- Não há sinalização horizontal (Símbolo Internacional de Acessibilidade pintado no chão);

- Existe o espaço adicional de circulação (faixas brancas ao lado da vaga), porém, além de estar incorretamente sinalizado (as faixas deveriam ser amarelas), este espaço está sendo ocupado por motos. Estas motos dificultam a entrada e saída do deficiente, o que poderia ser evitado, pois há um segurança no estacionamento; //

- A sinalização vertical está presente, porém está incorreta. Além de a placa com o Símbolo Internacional de Acessibilidade ter baixo contraste, está entre os arbustos, dificultando sua identificação. Este estacionamento deveria possuir uma placa indicando vaga reservada fora da via pública. /


- O piso do estacionamento é regular, firme e antiderrapante;

- Nosso veículo estava devidamente sinalizado, com o símbolo internacional de acessibilidade e portando a documentação adequada. Mesmo assim, o segurança nos abordou questionando se o carro era de um deficiente físico. Mas será que houve fiscalização para os motoristas das motos, que estavam ocupando o espaço adicional da vaga reservada?; /

- Novamente, as motos estacionadas na área da vaga reservada dificultaram a saída do cadeirante. Antes de estacionar, foi necessário desembarcar o cadeirante na área de circulação dos veículos, obstruindo o fluxo;

- A vaga está vinculada à rota que leva até a entrada “acessível”, porém não está localizada de forma a evitar a circulação entre veículos. /


Entrada acessível

- Ausência de sinalização informativa, indicativa e direcional para a localização da entrada “acessível”;

- A rota entre a vaga reservada e a entrada do estabelecimento é um espaço amplo e não possui guia de balizamento sem interrupção (para o deficiente visual guiar-se, tateando com a bengala) ou piso tátil direcional;

- Entre a vaga e a entrada existe um canteiro, porém o mesmo tem um rebaixamento, não sendo necessário contorná-lo;

- Neste rebaixamento não há sinalização tátil nem visual, além de o mesmo não estar junto à faixa de travessia de pedestres (logo a frente existe fluxo de veículos devido à presença do drive thru);

- Logo a frente do rebaixamento, o piso está com rachaduras, causando trepidação na cadeira de rodas.


- À esquerda da foto, existe a circulação de veículos por conta do drive thru, e à direita também há fluxo de veículos, pois esta é a via de entrada do estacionamento. Não existe nenhuma sinalização tátil indicando a entrada e saída de veículos do local;

- Presença de uma faixa de travessia de pedestres, apenas para a passagem da via de circulação dos veículos do drive thru. /


- O rebaixamento da calçada ao lado da entrada não está alinhado com o rebaixamento do canteiro, além de estar fora da faixa de travessia;

- Não há sinalização tátil indicando a presença de rebaixamento de calçada à frente da entrada acessível.


- Como a faixa de travessia não está junto ao rebaixamento, o cadeirante tem que desviar para poder ter acesso à entrada; 

- Esta é a única entrada acessível do estabelecimento, e não possui sinalização visual nem tátil (identificamos esta entrada porque o segurança nos informou);

- O revestimento da superfície, em sua maior parte, é firme, regular e conta com faixas antiderrapantes, porém em alguns trechos existem rachaduras. /


- O espaço junto à porta para a transposição de cadeirantes é inadequado, tanto para a aproximação frontal quanto para a lateral. A foto ilustra a situação onde a porta de entrada, que tem abertura externa e está localizada ao lado de um canteiro, torna estreita a área de giro para um cadeirante, além de dificultar a manobra para a abertura da porta;

- Ausência de sinalização tátil (em Braille ou texto em relevo), que deveria ser instalada nos batentes ou vedo adjacente (parede, divisória ou painel), no lado onde estiver a maçaneta;

- Porta com vão livre adequado, permitindo o acesso de cadeirantes, por exemplo;

- Não há condições de abrir a porta com apenas um movimento, e a sua maçaneta não é do tipo alavanca, dificultando ou até impossibilitando a sua abertura por indivíduos que não possuam destreza e força em braços e mãos;

- Quando localizadas em rotas acessíveis, a NBR9050 recomenda que as portas tenham na sua parte inferior, inclusive no batente, revestimento resistente a impactos provocados por bengalas, muletas e cadeiras de rodas.


- Área de giro estreitada pela presença do canteiro (canto inferior esquerdo da foto) e pela abertura externa da porta. Neste caso, o cadeirante não conseguiu abrir a porta, pois a maçaneta não é do tipo alavanca e a área para manobrar a cadeira é pequena, necessitando da ajuda de outra pessoa para abrir. E se o cadeirante não estivesse acompanhado? Como entraria no estabelecimento?

- A instalação de um puxador horizontal, instalado junto a uma maçaneta do tipo alavanca, facilitaria a abertura da porta;

- Se a calçada do estabelecimento fosse estendida, garantindo, por exemplo, uma área de 1,50m de largura (contando com a porta) para a aproximação lateral do cadeirante, tornaria a entrada acessível. Veja o exemplo de aproximação lateral e frontal na figura abaixo:







- Visão interna da porta da entrada acessível. Novamente, não há sinalização informativa visual e tátil;

- Esta porta possui acionamento controlado por uma mola, instalada na região superior. Este sistema não mantém a porta aberta para a passagem, ou seja, quando passamos pela porta, temos que segurá-la para que a mesma não feche de volta, dificultando a passagem de um indivíduo com um andador, por exemplo;

- Não havendo maçaneta ou puxador horizontal para a abertura da porta, um cadeirante, por exemplo, tem de empurrar a porta com a parte da frente da cadeira de rodas. Isso também se deve ao fato de não haver espaço suficiente para a aproximação lateral, lembrando que não há proteção na parte inferior da porta.


Balcão

- Ausência de balcão acessível para cadeirantes;

- Revestimento do piso interno do estabelecimento é firme, regular e antiderrapante;

- A superfície do balcão tem altura adequada, porém um cadeirante não consegue utilizar o balcão, pois não é garantida a aproximação frontal.


- Nesta foto fica bem ilustrado que não é prevista a aproximação frontal, pois o balcão não possui altura livre inferior de no mínimo 0,73 m do piso e profundidade livre inferior de no mínimo 0,30 m. Desta forma, um cadeirante não pode avançar sob o balcão;

- A organização das filas de pagamento e recebimento dos lanches é auxiliada por fitas pretas suspensas por barras, dificultando a manobra de uma cadeira de rodas. Uma solução viável seria delimitar as filas com fitas posicionadas no chão, com textura diferente da utilizada no piso e cor contrastante com a do piso (para serem identificadas também por pessoas com baixa visão). /


Mesa

- Não há assentos adequados para pessoas obesas neste local;

- No centro direito da foto (abaixo de um banner vermelho) existe um balcão pequeno que serve de apoio para as pessoas pegarem os condimentos (ketchup e mostarda). Além de o balcão ter altura elevada, não permite a aproximação frontal de um cadeirante;

- Esta foto ilustra a área interna da lanchonete. Ao lado do balcão de condimentos, há uma porta que dá acesso ao ambiente externo. Esta porta tem as mesmas características  da entrada acessível, ou seja, sistema de abertura de molas, onde o cadeirante tem que empurrar a porta com as pernas para realizar a abertura;

- Não há degrau na passagem do ambiente interno para o externo (mesas do lado de fora).


- A maioria das mesas deste estabelecimento segue este padrão. A aproximação frontal é permitida, mas para se obter esta aproximação, os pés do cadeirante ficam encostados na base da mesa. Se a mesa fosse realmente adaptada, isso não ocorreria; /

- Não é em todo o espaço que o cadeirante tem a possibilidade de manobrar a cadeira de rodas livremente, principalmente por entre as mesas onde o espaço é estreito;

- Como esta mesa é redonda, o cadeirante tem uma mínima área de para o uso da superfície da mesa.


Sanitário acessível

- Presença de sanitário acessível próximo aos demais sanitários (feminino e masculino);

- Sanitário acessível familiar ou unissex, que permite a utilização por um cadeirante com acompanhante de sexo diferente;

- Símbolo Internacional de Acessibilidade utilizado inadequadamente, já que sua representação consiste em pictograma branco sobre fundo azul e opcionalmente pode ser representado em branco e preto (pictograma branco sobre fundo preto ou pictograma preto sobre fundo branco). Nenhuma modificação, estilização ou adição deve ser feita a este símbolo;

- Para os sanitários acessíveis, deve ser acrescido, para cada situação, o símbolo internacional de acesso. As figuras abaixo ilustram a sinalização do Sanitário unissex e familiar acessível, que podem ser enquadrados no banheiro disponível neste estabelecimento:

Sanitário Masculino e feminino acessível


Sanitário familiar acessível


- Ausência de sinalização tátil (em Braille ou texto em relevo), devendo ser instalada nos batentes ou vedo adjacente (parede, divisória ou painel), no lado onde estiver a maçaneta, a uma altura entre 0,90 m e 1,10 m. Esta sinalização identifica para os deficientes visuais que esta porta dá acesso ao sanitário acessível;

- O estabelecimento não possui, porém é recomendado que as portas tenham na sua parte inferior, inclusive no batente, revestimento resistente a impactos provocados por bengalas, muletas e cadeiras de rodas, até a altura de 0,40 m a partir do piso.  

- Ausência de sinalização tátil de alerta em cor contrastante com a do piso, indicando a presença dos dois extintores na parede lateral do corredor que dá acesso aos sanitários. Esta sinalização é necessária porque os extintores são considerados obstáculos suspensos, pois tem o volume maior na parte superior do que na base, não podendo ser tateados pela bengala de um deficiente visual, por exemplo, podendo causar uma colisão;

- Porta com vão livre satisfatório, permitindo a entrada de um cadeirante;

- O corredor torna-se estreito com a abertura das portas dos sanitários, que têm abertura externa (imaginem se as três portas forem abertas simultaneamente).


- O sanitário não tem espaço suficiente para que qualquer manobra com a cadeira de rodas seja efetuada;

- A superfície do piso é regular firme e antiderrapante;

- Mesmo com a presença de barras de apoio, não há como efetuar nenhuma transferência para a bacia sanitária, já que não há espaço adequado no sanitário (o único movimento que a área do banheiro permite é a entrada do cadeirante e, para sair, o mesmo tem de efetuar isso de ré). Com isso, este banheiro não permite que cadeirantes o utilizem.


- Presença de barras de apoio junto à bacia sanitária na lateral e no fundo (não foram efetuadas mensurações para observar se a altura de instalação está correta);

- O cesto de lixo (canto direito da foto) está bem localizado. Se houvesse área suficiente para a transferência para a bacia sanitária, a lixeira não atrapalharia; /

- Apesar de estar bem localizado, a lixeira é de pedal, não sendo acessível (Como um cadeirante irá pisar no pedal? Ou como um obeso irá alcançar o pedal neste espaço tão estreito?);

- Presença de papeleira não embutida, com localização inadequada. O correto seria acima da barra de apoio lateral, entre um 1,00m a 1,20 do piso acabado.  


- O lavatório é inadequado, pois não é suspenso. O sifão e a tubulação devem ser protegidos, porém não é permitida a instalação de colunas que vão até o chão, o que não possibilita a aproximação frontal de um cadeirante; 

- Não há barras de apoio instaladas junto ao lavatório;

- A torneira possui acionamento por alavanca;

- Presença de espelho vertical e inclinado, porém não foi mensurada sua altura.  Mas sendo um espelho oval, sua borda inferior é diminuída, dificultando a visualização por pessoas de baixa estatura; /

- Presença de papeleira e saboneteiras em localizações adequadas;

- O espaço do banheiro já é pequeno, não permitindo o acesso para todos, e o cesto de lixo ao lado do lavatório ocupa muito espaço, dificultando ainda mais a circulação interna (até para tirar as fotos dentro do banheiro foi difícil devido a área ser pequena);

- Ausência de cabide junto ao lavatório.


 - Esta foto ilustra claramente  que, quando a porta do banheiro “acessível” está aberta, não há como realizar a abertura do banheiro feminino, por exemplo;

- Maçaneta da porta não é do tipo alavanca, além de internamente haver um trinco não acessível;

- O sanitário feminino também não possui sinalização adequada, já que não tem a representação correta com o símbolo internacional de sanitário, além de a placa ser de difícil visualização (fonte das letras pequenas).


Concluindo

Muitos detalhes observados nesta avaliação servem para ilustrar que nem tudo que é moderno ou criativo torna o ambiente acessível a todas as pessoas. Maçanetas modernas, portas com molas e símbolos "personalizados" de acessibilidade, por exemplo, muitas vezes acabam dificultando a vida das pessoas com deficiência. Assim, cabe aos empresários, juntamente com os profissionais da área da construção civil, discutirem as melhores soluções para cada espaço, harmonizando funcionalidade com uma boa aparência.


Maria Alice Furrer e Frederico Rios

Colaboração: Diego Rios

Fotos: 25/05/2011

6 comentários:

  1. Dizer que a pessoa com dificuldades de locomoção, tem possibilidade de se tornar independente, é fazer uso de palavras bonitas, ditas de maneira correta, mas simplesmente sem efeito. Já passei por várias situações como essa, e ainda passo, pois vejo que por mais que expressemos nossas dificuldades, elas são literalmente, escrachadamente, desconsideradas. É preciso sim começar a boicotar, a postar pro mundo, que este mundo é discriminatório. Temos que ter a coragem de contar o que passamos, pois se não resolverem, pelo menos poderemos nos sentir mais justiçados ante a indiferença daqueles que podem e devem fazer algo para mudar.

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  2. Mais um ótimo post... O bom é que a McDonald's, por ser franquia, tem seu projeto muito parecido um do outro, pelo menos das lanchonetes maiores no meio da cidade, parece que estou vendo fotos aqui de João Pessoa. Quem chegar aqui agora já vai observar o da sua cidade ;) Todo mundo olhando, rsss!
    O que penso sobre tudo é que há blogs e há blogs. Vejo o Acessibilidade na Prática como um disseminador de boas práticas e cumpridor do seu papel de cidadão que observa a falta de acessibilidade na sua cidade; que claramente "divulga opiniões de profissionais, experiências e realiza visitas" para "avaliar e divulgar as condições de acesso para pessoas com mobilidade reduzida". O espaço nos serve de discussão e sugestões, sempre no intuito de promover e alertar para a acessibilidade e, desse modo, já estão alcançando bons resultados na cidade. Não acho que dá pra se sentir justiçado apenas denunciando as coisas que passam, mas discutindo e conscientizando para que os processos inclusivos comecem a ser executados de fato.
    Beijos, ANP!

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  3. Esse é um belo exemplo de acessibilidade e respeito com o cliente seja ele deficiente ou não.Parabens pela reportagem que sirva de incentivo para outros estabelcimentos privados e público.

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  4. Esse post mostra que nem tudo que vem de 'primeiro' mundo é acessível, o qto pensamos. Uma rede dessa, teria que no mínimo ter 90% de acessibilidade, oq no caso ainda falta bastante. Uma excelente matéria!

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  5. eu fiz um blog hoje, sobre o assunto, estou compartilhando... http://eassimqueelesfazem.blogspot.com.br/2013/05/peixe-grande-nao-precisa-fazer-direito.html

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  6. que ótimo que existem pessoas preocupadas com o bem estar de todos, mesmo em situações que não lhes diz respeito, este blog nos ajudou muito a definir trabalhos e esclarecer dúvidas sobre acessibilidade, e está disponível a todos para consulta e pesquisa, parabéns.
    www.alprojetos.comunidades.net

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